Indígena e bebê morrem em trabalho de parto em MS e entidade denuncia negligência médica

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Uma mulher indígena grávida morreu junto com o filho durante trabalho de parto na última quarta-feira (14), após suposta negligência do DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena) de Mato Grosso do Sul. A denúncia foi divulgada nesta quarta-feira (21) pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), que alega negligência médica.

O caso ocorreu na aldeia Guarani e Kaiowá, Potrero Guassu, localizada no município de Paranhos.

Conforme o Cimi, por volta das 3 horas da madrugada, um dos filhos da vítima procurou auxílio médico ao ver a mãe em trabalho de parto. Na ocasião, uma moradora da aldeia, prestou atendimento à família e efetuou, cerca de dez ligações à plantonista da Sesai (Secretaria de Saúde Indígena), e à coordenação técnica do mesmo polo base, mas não foi atendida.

A moradora também recorreu a um grupo de funcionários da área da Saúde da aldeia, mas também não recebeu auxílio. O hospital do município também foi acionado. No entanto, uma atendente informou que só poderia liberar a ambulância com a anuência da equipe da Sesai, que não atendeu nenhuma das solicitações.

A vítima foi transportada junto ao seu marido até o hospital em um carro particular. Mas, ao chegar no local, mãe e filho não resistiram. Na certidão de óbito conta a causa da morte como “desconhecida”. O que segundo o Cimi é uma prática recorrente na região.

Conforme o Cimi, os moradores da aldeia Potrero Guassu estão revoltados com a situação e cobram esclarecimentos do DSEI e da Sesai.

“Queremos justiça e os devidos esclarecimentos por parte dos responsáveis pela equipe da Sesai por negligenciar a vida da paciente e de seu filho, que foram a óbito em razão da demora do atendimento”.

A vítima deixa sete filhos, que possuem entre 11 e 22 anos de idade, e seu marido.

A reportagem solicitou posicionamento para o Dsei sobre as acusações, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação.

Casos recorrentes

Segundo o Conselho Indigenista Missionário, casos como esse são recorrentes em comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul. Em visita à Terra Indígena Limão Verde, no município de Amambai, foi registrada a morte de um bebê de 30 dias de vida. No documento de óbito da criança, foram apontados “vômito e diarreia” como justificativa do falecimento.

Além da desassistência e a ausência de atendimento médico nos territórios, a falta de medicamentos é outro problema enfrentado pelos indígenas do Mato Grosso do Sul.

“Às vezes o médico passa a receita para a gente comprar o remédio, mas não temos como comprar. Então temos que recorrer aos remédios caseiros, que já estão bem difíceis de encontrar dentro das reservas”, relata uma liderança indígena.

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